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Ensino e práticas

Deste tempos remotos, a atividade do ensino está presente na vida do ser humano. Contudo, a institucionalização desta surge com a invenção da Escola. 

Você certamente observou que as práticas de ensino sofrem influências diretas do tempo social e espaço onde são desenvolvidas. Assim, não podemos dizer que há algo certo ou errado. Afinal, cada contexto exige uma atuação coerente a sua realidade.

O grande desafio docente é investigar as práticas possíveis e assim poder escolher a mais adequada.

Além disso, é necessário refletir sobre a sociedade que desejamos, reconhecendo que o processo educativo é capaz de transformar fazeres para além dos muros da instituição.

Reflexão:

Como acredito que devem ser as práticas de ensino nos dias atuais?

No segundo momento, dialogaremos sobre esta questão!

O que é ensino?

A ideia de definir ensino é desafiadora. Afinal, não há uma explicação plausível para todas as pessoas, pois cada um de nós carrega uma série de crenças a este respeito.

Mas, na tentativa de aquecer reflexões, pensemos juntos:

De quem é o papel social do ensino?

O que se deseja ensinar?

Para quem se deseja ensinar?

Será que qualquer pessoa pode ensinar alguma coisa a qualquer pessoa? Justifique:

ATIVIDADE INDIVIDUAL

TEXTO 1:

TRECHO DE PRÁTICA DOCENTE, MODELOS DE ENSINO E PROCESSOS DE FORMAÇÃO: CONTRADIÇÕES, RESISTÊNCIAS E RUPTURAS

GRIGOLI, Josefa A.G. - UCDB
TEIXEIRA, Leny R. M. UCDB
LIMA, Cláudia M. UCDB
GT: Formação de Professores/ n. 08
Agência Financiadora:. Não contou com financiamento.

A competência do professor que se requer para a sociedade moderna que prima pelo ideal de igualdade, deve estar calcada não só na erudição como o foi no passado, mas supõe que o foco de atenção seja o aluno e seu processo de aprendizagem. Na medida em que o aluno se torna o centro de atenção da ação educativa, o fazer pedagógico do professor requer uma instrumentação didática que, segundo Meirieu, (1995) deve se apoiar em três elementos essenciais:

(a) um trabalho sobre o sentido que diz respeito ao compromisso do professor em construir o sentido dos saberes com os alunos;

(b) um trabalho sobre as operações mentais, as quais são fundamentais para criação dos instrumentos didáticos, pois não é a definição de um objetivo que gera um dispositivo didático mas a hipótese sobre uma operação mental que é preciso realizar para atingi-lo;

(c) um trabalho sobre as estratégias de aprendizagem uma vez que o processo de aprendizagem dos alunos se diferencia, tendo em vista as estratégias usadas, cabendo ao professor identificar quais são as mais eficazes para cada um deles, como mobilizar, diversificar e torná-las mais complexas.

No entanto, a competência para fazer aprender não se restringe ao conhecimento dos aspectos acima apontados. Ensinar se faz através de uma seqüência de ações respaldadas em certas normas e códigos, no geral, consagrados pela experiência do professor ou pela tradição escolar, constituindo o contrato didático. São os compromissos e acordos, tácitos ou explícitos, existentes entre alunos e professores que determinam a gestão da classe.

O contrato didático supõe que, para que a aquisição dos conhecimentos se efetive deve haver um programa que preveja objetivos, situações de aprendizagem, tarefas a realizar e critérios de avaliação do aprendido. Porém, como o professor elabora esse programa, quais critérios utiliza na escolha de procedimentos e na organização do ensino?


Parra (1980) ao discorrer sobre estratégias de ensino e aprendizagem, remete o leitor para um estudo de Kohlberg e Mayer (apud Parra, 1980) em que são caracterizadas três grandes correntes do pensamento educacional, seus pressupostos teóricos e suas implicações didáticas, especialmente no campo das estratégias de ensino. São elas:

- o “romantismo”, base da concepção humanista de educação, ensino e aprendizagem;

- a “transmissão cultural”, base da concepção tecnológica do processo instrucional e a concepção “progressivista”, base do movimento da educação renovada, do qual Dewey, Montessori, Cousinaire, Freinet e Piaget foram grandes expoentes.

- Os “modelos de ensino” se desenvolveram sob a influência dessas grandes correntes.

Rocha (1980) apresenta uma revisão da literatura sobre os modelos e os componentes do processo de ensino e aprendizagem onde destaca o trabalho de Joyce e Wei (apud Rocha, 1980) no qual são descritos quatro grupos (“famílias”) de modelos de ensino que articulam de diferentes formas os elementos integrantes do ensino, a saber:

habilidades,

- papeis instrucionais,

- relações sociais,

- tipos de atividades e

- recursos materiais.

Esses modelos de ensino são por eles denominados: modelos orientados para a interação social, modelos orientados para o processamento de informação, modelos orientados para a pessoa e modelos orientados para a modificação do comportamento.


Focalizando o processo de ensino e aprendizagem nos seus componentes fundamentais (professor, aluno e conteúdo), Lapp, Bender, Ellemwood e John (apud Rocha, 1980) definem quatro modelos de ensino:

(a)clássico, em que o foco é a figura do professor no seu papel de transmissor do conhecimento;

(b)tecnológico, enfatizando o domínio do conteúdo, a transmissão de informações e o desenvolvimento de competências orientadas para o futuro;

(c)personalizado, no qual o individuo é o centro do processo, o professor desempenha um papel de mediador e a aprendizagem ocorre em função dos interesses, experiências e necessidades do próprio aluno e

(d) interacional, no qual ao professor cabe favorecer o diálogo e a troca de experiências que não partem de conteúdos pré-estabelecidos, mas remetem para a análise crítica de problemas sócio-culturais.

Ao concluir sua apresentação e discussão desses modelos, Rocha (1980) considera que não existem modelos ou sistemas ideais de ensino e aprendizagem e que a eficiência na elaboração e utilização deles depende fundamentalmente da habilidade do professor.

Pérez Gómez (1998) refere-se a “modelos substantivos de explicação da vida na sala de aula”, identificados pela pesquisa e que possibilitam “compreender e intervir na escola”. São eles:

(a) o modelo processo-produto que se baseia em uma concepção bem simplificadora dos fenômenos de ensino e aprendizagem, reduzindo a vida da sala de aula às relações estabelecidas entre o comportamento observável do professor ao ensinar e o rendimento escolar do aluno;

(b) os modelos mediacionais que se centram no professor (nos seus processos mentais quando planeja e conduz o ensino) ou no aluno (seus processos mentais e afetivos quando participa de atividades de aprendizagem);

(c) o modelo ecológico da sala de aula que assume os pressupostos do modelo mediacional, mas vai além, “representando uma perspectiva de orientação social na análise do ensino (...) e concebendo a vida da aula em termos de trocas culturais”. (idem, p.76)

Face à complexidade e às exigências do ensinar visando o aprender, cabe indagar se a formação que se pratica nas licenciaturas se preocupa em compreender, refletir e avaliar os modelos adotados pelos professores em sua prática docente.

Pérez Gómez (1997) nos apresenta uma crítica aos modelos de formação vigentes em que se estabelece uma relação linear e hierárquica entre o conhecimento científico e as suas aplicações práticas, criando uma relação igualmente linear entre tarefas de ensino e processos de aprendizagem. E sabemos que o modelo de aquisição do conhecimento implícito, oriundo das vivências de aprendiz, é fator de orientação de ações e condutas do professor na sala de aula, funcionando, muitas vezes, como ponto de referência para identificação do que é aprender e, conseqüentemente, de como ensinar.

Fonte: http://www.anped.org.br/sites/default/files/t0810.pdf